A ideia
de fortificação deste local remonta à doação da chamada herdade de Arraiolos
feita por D. Afonso II (1211-1223) a D. Soeiro, bispo de Évora, com a permissão
para que nela se erguesse um castelo (1217).
Com o
adensamento do povoamento, uma nova determinação para o levantamento de uma
defesa remonta a um contrato, firmado entre o rei D. Dinis (1279-1325), o
Alcaide, os Juízes e o Concelho da Vila de Arraiolos (1305), que estipulava a
obrigação de levantar, em torno da povoação, "207 braças de muro, de
três braças de alto e uma braça de largo; e a fazer no dito muro dous portaes
dárco com suas portas, e com dous cubellos quadrados em cada uma porta".
Essas
obras foram iniciadas em 1306, com uma verba de 2.000 libras concedidas pelo
monarca, e traça de autoria de D. João Simão. Dessa forma, em 1310, ano em que
o soberano confirmou a Carta de Foral, (...) a obra estava pronta de pedra e
cal e em boa defesa, edificada num monte de configuração cónica, elevado sobre
todos os vizinhos e pitorescamente coroado, no vértice, pela antiquíssima
Igreja Matriz do Salvador.
O castelo
começou a sofrer abandono a partir do século XIV, por ser um local ventoso,
frio, reputado como desagradável para se habitar. O rei D. Fernando (1367-1383)
tentou dar remédio a essa situação concedendo privilégios especiais aos seus
habitantes (1371). Essas medidas, entretanto, se revelaram inúteis, pois nem o
fechar das portas à noite, privando dos sacramentos os moradores de fora,
conseguiu impedir o despovoamento da fortificação.
Após
o desfecho da crise de 1383-1385, os domínios da vila e seu castelo foram
doados ao Condestável D. Nuno Álvares Pereira (1387), agraciado com o título de
Conde de Arraiolos. Entre 1385 e 1390, daqui partiram diversas expedições
militares do Condestável contra Castela.
Ao
final do século XVI o castelo ainda era habitado, fechando-se todas as noites
pelo sinal do sino (1599). Nessa época um grande número de novas moradias já se
espalhava pelas encostas vizinhas. No início do século XVII, entretanto, já se
encontrava desguarnecido, vendo os seus materiais de construção serem saqueados
e abrigando um curral no seu Pátio de Armas.
Em 1613
o castelo e seus edifícios encontrava-se em avançado estado de ruína, conforme
queixas dos Oficiais da Câmara Municipal à época.
À
época da Restauração da independência portuguesa, sob o reinado de D. João IV
(1640-1656), o muro da povoação e o seu castelo receberam obras de remodelação
por necessidades estratégicas (1640). Poucos anos mais tarde, em 1655, o
castelo voltava a apresentar ruína, com a barbacã caída, a Torre de Menagem
fendida e abandonada, e o Paço dos Alcaides inabitável.
Um
século mais tarde, o terramoto de 1755 aumentou-lhe os danos.
No século
XIX, o seu Pátio de Armas serviu de cemitério para as vítimas de cólera
morbus na região (1833).
No
início do século XX foi classificado como Monumento Nacional, por Decreto
publicado em 23 de Junho de 1910. No período de 1959 a 1963, o castelo e as
muralhas de Arraiolos, foram parcialmente restaurados pela Direcção-Geral dos
Edifícios e Monumentos Nacionais
O conjunto, integrado pela fortificação do Paço dos
Alcaides e pela cerca amuralhada, apresenta planta quadrangular, com
elementos do estilo românico e do estilo gótico.
Embutido no troço norte da muralha, o Paço dos
Alcaides, de planta quadrada, é dominado pela Torre de Menagem. Esta é
dividida internamente em quatro pavimentos, rematada por adarve protegido por merlões.
Articula-se pela face leste com as casas da guarda, sobranceiras à porta da Praça
de Armas, e, pela oeste, com as pousadas palacianas.
O sólido muro ameado, largo e de altura regular,
descrevendo uma forma elipsóide, encontra-se atualmente bem conservado. Nele se
inscreviam, originalmente, duas portas:
a Porta da Vila (ou da barbacã), a Sul,
hoje reduzida a uma grande abertura no muro; e
a Porta de Santarém, a Noroeste, em estilo
gótico, flanqueada por dois cubelos ou torreões.
Parece ter havido ainda uma porta falsa ou postigo, no
lado leste, onde o muro apresenta alguma ruína.
A Torre do Relógio, enriquecida com um coruchéu
ao tempo de D. Manuel (1495-1521), parece ser um dos cubelos da
antiga porta da barbacã, ficando o outro suprido pela grande torre de menagem.
Destaca-se, na praça de armas do castelo, a Igreja do
Salvador.
Uma tradição local afirma que existe uma passagem
subterrânea secreta que liga o castelo ao Convento de Nossa Senhora da Assunção
(Convento dos Lóios).
(in:
pt.wikipedia.org)