O Castelo
de Portel, no Alentejo, localiza-se na vila, freguesia e concelho de mesmo
nome, distrito de Évora, em Portugal.
Em um
dos contrafortes da serra de Portel, ergue-se em posição dominante sobre a vila
medieval. Nas vizinhanças merecem visita, além do castelo, a Igreja Matriz da
Vera Cruz, as grutas de Algar e a barragem do Alqueva.
Embora
a região seja rica em testemunhos arqueológicos, a primitiva ocupação humana do
sítio do castelo é obscura. A toponímia Portel Mafomede, referida à
época de D. Afonso III (1248-1279), transparece uma presença Muçulmana.
À
época da Reconquista cristã da península Ibérica, os domínios de Portel
Mafomede estavam compreendidos no primitivo termo de Évora, na doação feita
por Afonso III de Portugal a João de Aboim, anteriormente a 1257. Este nobre,
letrado, que chegou a desempenhar as funções de Mordomo-mor do reino, era tão-somente
um valido do soberano quando, após o conflito que opôs D. Afonso III a seu
irmão, Sancho II de Portugal (1223-1248), foi agraciado com essa honra entre os
termos de Évora e Beja, grosso modo coincidente com a serra de Portel. Em 1257,
o monarca dirigiu cartas aos homens-bons de Évora para que aceitassem João de
Aboim como seu vizinho. Tendo havido contestação acerca dos limites desta
doação, somente após a demarcação de sua jurisdição, em 1261, o soberano
autorizou a construção de um castelo onde melhor servisse aos interesses
daquele nobre (1261). Desse modo, a 1 de Dezembro de 1262, João de Aboim,
acompanhado por sua esposa e filho, passou Carta de Foral aos povoadores do
castelo de Portel, em termos semelhantes aos de Évora.
Os
trabalhos de construção então iniciados, terão prosseguido sob o reinado de D.
Dinis (1279-1325), quando, após falecido o nobre, tendo surgido contenda entre
os herdeiros pela posse da honra, o castelo reverteu para a posse da Coroa, por
escambo entre o soberano e D. Marinha, viúva de João de Aboim, datado de 9 de
Janeiro de 1289. A este soberano é atribuída ainda, a ereção da cerca da vila.
No
contexto da crise de 1383-1385, Fernão Gonçalves de Sousa, alcaide de Portel,
tomou o partido de Castela, e com receio dos moradores, tomou-lhes as armas
a todos e pô-las no castelo. Em Novembro de 1384, no desenvolvimento da
campanha alentejana pelas forças do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, um
clérigo de Portel, de nome João Mateus, abriu-lhes as portas da vila,
facilitando a conquista da povoação e a rendição do castelo. Os seus domínios,
após a batalha de Aljubarrota estariam compreendidos na ampla doação de terras
e direitos que o soberano fez aquele Condestável, passando, por sucessão, para
os domínios da Casa de Bragança.
Posteriormente,
sob o reinado de D. Manuel I, a povoação e seu castelo encontram-se figurados
por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Nessa época a estrutura do
castelo foi remodelada dando lugar ao paço dos duques de Bragança e a uma barbacã
(1510), ficando as obras a cargo do arquiteto-régio Francisco de Arruda, por
instância de D. Jaime, duque de Bragança.
Perdida
a sua função defensiva, afastado da linha lindeira e das principais vias de
acesso ao território alentejano, o castelo foi progressivamente abandonado até
se converter em ruínas no século XIX.
No início
do século XX, o conjunto foi classificado como Monumento Nacional por Decreto,
publicado em 23 de Junho de 1910. A intervenção do poder público fez-se sentir
pontualmente, em 1938, por iniciativa da Direcção-Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais (DGEMN). Propriedade da Fundação Casa de Bragança, a
degradação do conjunto continuou progredindo até à derrocada de um torreão
cilíndrico do paço e, mais recentemente, em Fevereiro de 1998, de um troço de muralha
adjacente à torre de menagem, elemento que já havia sido objeto de intervenção
na década de 1980. A nova intervenção teve lugar em 1999, a cargo da DGEMN,
através da sua Direção Regional Sul, com base em técnicas tradicionais
de construção. O conjunto aguarda, entretanto, um plano abrangente de
investigação e de musealização.
O castelo,
em estilo gótico, apresenta planta heptagonal reforçada por torres de planta
circular nos vértices. A sua forma, novidade na arquitetura militar portuguesa
à época, parece ter sido inspirada no Castelo de Angers, na França. É dominado
por uma imponente torre de menagem, de planta quadrangular, que se ergue a
cerca de vinte e cinco metros de altura, dividida internamente em dois
pavimentos acima da linha do adarve, ambos cobertos por abóbada em cruzaria de
ogiva. O pavimento inferior serviu de cárcere. Foi utilizada a pedra mármore
nos cunhais e nas janelas góticas. A porta de acesso à torre é em ogiva.
Esta
torre protege o portão de acesso, a Norte, em arco apontado. Pelo lado Sul, a Porta
de Beja determina um eixo viário interno em linha reta, ligando as duas
portas. O conjunto conta com mais três portas, entre as quais a Porta do
Relógio e a Porta do Outeiro. Na praça de armas abre-se uma cisterna
e pode-se identificar os vestígios da Capela de São Vicente e as ruínas
do paço ducal.
A
cerca medieval da vila, não sobreviveu até nós. A defesa do castelo era
complementada por uma barbacã, de que se conservam ainda importantes troços a
Sul, Norte e Oeste, compostos por cortina reforçada por cubelos de planta
quadrangular. É a essa barbacã reedificada por D. Manuel I, que corresponde a
porta gótica encimada por brasões reais sobrepostos.
(in:
pt.wikipedia.org)