A Igreja de Santa Clara constitui um dos monumentos mais emblemáticos do gótico mendicante da cidade de Santarém, situando-se na proximidade do Convento de S. Francisco, outro exemplar marcante deste estilo arquitetónico. A igreja é a parte remanescente do antigo convento das clarissas, aqui estabelecido em 1264. Atualmente, encontra-se rodeada por um amplo espaço, onde antes se encontravam as dependências conventuais, demolidas no início do século XX, e nas quais se incluía um claustro maneirista. O edifício está classificado como Monumento Nacional desde 1917.
A fundação do convento remonta a 1259, no reinado de D. Afonso III, quando as clarissas, provenientes de Lamego, se decidem fixar em Santarém
Atualmente, a igreja pouco conserva da sua primitiva traça. O edifício é muito longo, apresentando um transepto saliente. A fachada da velha basílica gótica merece destaque pelo seu contrafortado topo poente, enriquecido pela rosácea raiada, com arquivoltas ornamentadas de besantes ou pérolas, sobre a qual se releva uma moldura de pedraria esmaltada com as armas reais. Neste topo, ergue-se a torre sineira, que é rematada por uma bordadura de cachorrada de singular efeito decorativo. O topo oposto é amparado nas quinas por contrafortes e corrido no cimo por uma cachorrada golpeada.
O interior do edifício, de três naves com oito tramos de arcos quebrados e pilares cruciformes sem capitéis, está atualmente desprovido das obras anteriores ao século XV que o ornavam, como os altares, as talhas e as pinturas. Os pilares e as colunas são decorados com pinturas a fresco, de brutesco e dourados, constituindo possivelmente uma obra do século XVII. Nas colunas divisórias da nave central com as naves laterais figuram duas edículas simuladas pela pintura, onde em nichos tardo-renascentistas se encaixam duas pinturas sobre pedra representando S. Pedro e S. João, respectivamente. A abside poligonal, abobada de nervuras radiantes assentes em austeras pilastras, é rasgada por frestas lanceoladas e maineladas. A igreja apresenta analogias muito fortes com a igreja do Convento de São Francisco, apresentando ambas cabeceiras de cinco capelas escalonadas, facto que apenas se repetia noutros três conventos do século XIII, em Portugal. A cobertura dos absíolos é em abóbada de berço.
A arca tumular de D. Leonor Afonso, vazia, apresenta faces ediculadas, que são separadas por botaréus rematados por atalaias ameadas. Nas edículas encontram-se representadas várias figuras, nomeadamente de franciscanos e de clarissas nas faces frontais, e representações da Anunciação e Estigmatização de São Francisco, nos topos. Este túmulo estava soterrado, tendo sido posto a descoberto aquando das obras da década de 40 do século XX. Os restos mortais de D. Leonor Afonso foram transladados em 1634 para um outro túmulo brasonado, no estilo tardo-renascentista, que se encontra adossado à parede fundeira da igreja.
(in: pt.wikipedia.org)
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