domingo, 25 de março de 2012

Igreja Matriz da Golegã

A igreja atual foi construída na primeira metade do século XVI, substituindo uma pequena igreja paroquial gótica que existia neste local. A obra foi parcialmente custeada pela Coroa, tendo o restante ficado a cargo dos moradores. A este facto, não terá sido alheio o grande interesse manifestado por D. Manuel I pela vila, beneficiando das suas frequentes estadias em Almeirim, não muito longe da Golegã. O apreço do rei é muito evidente na própria arquitetura da igreja, pois os seus símbolos pessoais – o escudo real e a esfera armilar – encontram-se colocados em vários pontos do edifício. O rei chegou mesmo a visitar pessoalmente a vila, momento no qual ficou determinada a campanha manuelina de construção do novo templo. Ao que tudo indica, esta campanha teve a intervenção direta de Diogo Boitaca, arquiteto régio que interveio no Mosteiro dos Jerónimos. Em 1530, Filipa Caldeira, mulher de Fernão Lourenço, é sepultada na capela-mor da igreja.
A igreja é um vasto edifício, constituído por um corpo de três naves e por uma abside retangular contrafortada. A estrutura do edifício revela fortes influências dos templos característicos do gótico mendicante, nomeadamente no que diz respeito à cobertura das naves em madeira, à cobertura abobadada da cabeceira, à existência de clerestório e à altura diferenciada das naves.
A fachada principal, de empena de bico, encontra-se hoje assimétrica em relação à primitiva organização tripartida, devido à torre sineira quadrangular adossada ao lado sul. A torre encontra-se organizada em registos separados por cornijas de mísulas, terminando num elevado coruchéu prismático, elemento que foi reintegrado no restauro do monumento na década de 40 do século XX. A fachada principal é composta por três panos, divididos por contrafortes de andares, rematados em pináculos decorados. Junto ao óculo, figuram as armas manuelinas e a esfera armilar.
A frontaria enquadra um magnífico pórtico manuelino, que apresenta arcos policêntricos bordados de cairéis, e está enquadrado numa composição retangular, delimitando um alfiz, sendo ladeado por dois gigantes torsos, rematados por pináculos. Um renque de motivos estilizados (alcachofras) sobrepuja a série de cruzes de Cristo e fitas onduladas do tímpano, que é enquadrado por um nicho rendado que alberga uma imagem de pedra, representando a Virgem. O frontão é rompido por dois botaréus de cunho gótico, decorados de cogulhos. Nas bases das ombreiras do portal, admiram-se duas cartelas seguras por anjos, com uma inscrição em gótico. Na base de um dos pés da ombreira direita, está embutido um dragão, de influência oriental.
 


(in: pt.wikipedia.org)










segunda-feira, 19 de março de 2012

Castelo de Estremoz

Erguido em posição dominante sobre uma colina ao norte da serra de Ossa, tinha como função primitiva a defesa desta raia alentejana. Constituindo-se posteriormente em uma das mais importantes praças-fortes da região do Alentejo, Estremoz esteve ligada a diversos dos mais decisivos episódios militares da História de Portugal. Deu o seu nome, ainda, a um dos mais atuantes destacamentos militares do país, com decisiva ação no Brasil colonial, o Regimento de Estremoz. É ainda de assinalar o facto de nele ter falecido, em 1336, a rainha Santa Isabel.
Quando da Reconquista cristã da península, teria sido conquistada na mesma época e pelas mesmas forças com que Geraldo Sem Pavor se assenhoreou da vizinha Évora (1165). Perdida a sua posse pouco depois, Estremoz só seria incorporada definitivamente aos domínios portugueses em meados do século XIII, sob o reinado de D. Sancho II (1223-1248), quando se teriam iniciado os trabalhos de reconstrução do castelo. Sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), visando incrementar o seu povoamento e defesa, este soberano outorgou foral à vila em 1258, determinando-lhe a reconstrução e reforço das defesas, bem como a construção da cerca da vila. Data deste momento, por volta de 1260, a ereção da Torre de Menagem.
Os trabalhos de edificação das muralhas tiveram continuidade sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), monarca que fez erguer o Paço Real, junto ao castelo. Aqui, no Paço, faleceu a Rainha Santa Isabel (4 de Julho de 1336), sendo o seu corpo mais tarde trasladado para o Convento de Santa Clara-a-Velha de Coimbra. Ainda em vida, ela havia evitado, aqui em Estremoz, um eminente embate entre o seu filho D. Afonso IV e o rei Afonso XI de Castela.
A Torre de Menagem estava concluída sob o reinado de D. Fernando de Portugal (1367-1383), por volta de 1370. À época da crise de 1383-1385, o alcaide-mor João Mendes de Vasconcelos, tomou partido por Castela. Foi intimado pela população a abandonar o castelo, que o entregou ao escudeiro Martim Pires em nome do Mestre de Avis. Em 1384, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira aqui instalou o seu quartel-general, de onde as forças portuguesas sob seu comando partiriam para dar combate, e vencer, o exército castelhano na batalha dos Atoleiros.
A vila recebeu de D. Manuel I (1495-1521) o Foral Novo (1512).
Quando crise de sucessão de 1580, o Castelo de Estremoz e o seu alcaide-mor permaneceram fiéis a D. António, prior do Crato. Entretanto, as tropas castelhanas sob o comando do duque de Alba invadiram Portugal, vindo a colocar cerco a Estremoz, a única praça alentejana a resistir. Diante da desproporção de forças e das pesadas consequências que poderiam advir para a povoação e sua população, o alcaide-mor de Estremoz, almirante D. João de Azevedo, rendeu-se, sendo mantido preso no Castelo de Vila Viçosa.
O conjunto da Praça-forte de Estremoz apresenta planta pentagonal orgânica (adaptada à conformação do terreno).
O castelo medieval ergue-se no topo de uma colina de pedra calcária, identificando-se elementos dos estilos gótico, moderno e neoclássico. É envolvido por uma cerca baixa ameada, percorrida por um adarve largo, reforçada com quatro cubelos semi-cilíndricos. Pelo lado sul, ergue-se a Torre de Menagem, também conhecida como Torre dos Três Reis ou Torre das Três Coroas. Com 27 metros de altura, coroada por merlões prismáticos, é rasgada por três balcões ameados, com matacães, assentes em mísulas. No interior da torre, dividida em três pavimentos, destaca-se a vasta sala do segundo piso, de planta octogonal e coberta por abóbada polinervada.
Na cerca da cidade, destacam-se a Porta de Santarém e a Porta da Frandina. No interior dos muros, observa-se a imponente galeria ogival da Casa da Audiência, de dupla arcaria apoiada em colunelos de mármore com capitéis historiados, contendo o antigo brasão da cidade. Da época de D. Manuel I subsistem o antigo Celeiro Comum, coberto por abóbada ogival de nervuras, e a Torre do Relógio.

  

(in: pt.wikipedia.org)


































terça-feira, 13 de março de 2012

Castelo de Palmela

À época da Reconquista cristã da península Ibérica, após a conquista de Lisboa (1147) pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), vieram a cair no mesmo ano Sintra, Almada e Palmela. Na ocasião, as forças muçulmanas que defendiam Palmela, abandonaram-na, indo refugiar-se em Alcácer do Sal. Desse modo, as forças portuguesas apenas se assenhorearam da povoação e seus domínios. As forças muçulmanas, entretanto, logo se reorganizaram, recuperando a margem sul do rio Tejo. Os cristãos reconquistaram Palmela em 1158. Novamente perdida, foi definitivamente conquistada pelo soberano em 24 de Junho de 1165. A partir do ano seguinte foram-lhe empreendidas obras de reforço.
Com a subida de D. Sancho I (1185-1211) ao trono, a povoação e seus domínios foram doados pelo soberano à Ordem Militar de Santiago, juntamente com Almada e Alcácer do Sal (1186), época em que Palmela recebeu foral, passado pelo seu Mestre. Estas localidades voltariam a cair ante a investida das forças almóadas sob o comando do califa Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur, que, após terem reconquistado o Algarve, avançaram para o norte, vindo a arrancar ao domínio português, sucessivamente, o Castelo de Alcácer do Sal, o Castelo de Palmela e o Castelo de Almada (1190-1191). As defesas de Palmela ficaram bastante danificadas na ocasião. Reconquistada, segundo alguns, ainda anteriormente a 1194, ou mais provavelmente em 1205, o soberano determinou-lhe os reparos necessários em suas defesas, confirmando a doação desses domínios aos monges da Ordem, que aí instalaram a sua sede anteriormente a 1210, uma vez que no testamento do soberano, lavrado nesse ano, já são designados como freires de Palmela. Apenas após a Batalha de Navas de Tolosa (1212), em que se registou uma vitória decisiva para os cristãos peninsulares, é que foram reconquistadas as terras perdidas para além das fronteiras que se estendiam do rio Tejo até Évora.
D. Afonso III (1248-1279), a 24 de Fevereiro de 1255, confirmou à Ordem de Santiago, nas pessoas de seu Mestre, D. Paio Peres Correia, e de seu comendador, os domínios e castelos doados por D. Sancho I e confirmados por D. Afonso II (1211-1223), a saber: Alcácer do Sal, Palmela, Almada e Arruda. O seu filho e sucessor, D. Dinis (1279-1325), confirmou o Foral à vila (1323), acreditando-se que date desta fase a construção da torre de menagem, em estilo gótico, defendendo a porta principal.
Ao final do reinado de D. Fernando (1367-1383), quando do cerco de Lisboa por tropas castelhanas (Março de 1382), os arrabaldes desta vila ao Sul também foram saqueados e incendiados: E tanto se atreveram [as tropas castelhanas], sem achando quem lho contradizer, que foram em batéis pelo rio de Coina acima, e ali saíram em terra, e foram queimar o arrabalde de Palmela, que são dali duas grandes léguas (Fernão Lopes).
Com a eclosão da crise de 1383-1385, o Mestre de Santiago, Fernando Afonso de Albuquerque, na Primavera de 1384, deslocou-se até Lisboa em apoio ao Mestre de Avis, então regente por aclamação popular, tendo integrado a segunda embaixada enviada para a Inglaterra.
Meses depois, durante o cerco de Lisboa pelos castelhanos, foi no alto das torres do Castelo de Palmela que o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, após a vitória na batalha dos Atoleiros (1384), acendeu grandes fogueiras para alertar o Mestre de Avis da sua aproximação, o que, de acordo com o cronista causou grande regozijo entre os sitiados (Fernão Lopes. Crónica de D. João I).
Durante o seu reinado, D. João I (1385-1433) procedeu a obras de ampliação e reforço no castelo (1423), determinando ainda a ereção da Igreja e do Convento onde a Ordem de Santiago, emancipada de Castela, se instalará, definitivamente, a partir de 1443.
No contexto da conspiração do duque de Viseu contra D. João II (1481-1495), abortada em 1484 com a morte do primeiro às mãos do segundo, um dos conjurados, o bispo de Évora, Garcia de Meneses, foi encarcerado na cisterna do Castelo de Palmela, onde veio a falecer poucos dias após. O episódio, narrado sumariamente por Rui de Pina e Garcia de Resende, é um pouco mais esclarecedor na crónica deste último: O bispo de Évora, ao tempo da morte do Duque [de Aveiro], estava com a Rainha, e aí o foi chamar, da parte d’el-rei, o capitão Fernão Martins; e em saindo fora, foi logo preso e levado com muita gente e muito recado ao Castelo de Palmela e metido em uma cisterna sem água que está dentro da torre de menagem, onde daí a poucos dias depois faleceu, e dizem que com peçonha.
No século XVI, o rei D. Manuel I (1495-1521) outorgou o Foral Novo à vila (1512).
O castelo, na cota de 240 metros acima do nível do mar, apresenta planta poligonal irregular, orgânica (adaptada ao terreno), com as muralhas reforçadas por torreões de planta quadrada e circular.
A evolução do perímetro defensivo de Palmela pode ser compreendida pelo estudo dessas muralhas, dispostas em três níveis de cercas, sem fossos, separadas por sucessivas barreiras:

  • a linha interna, remontando aos séculos XII e XIII, compreende à muralha mais antiga, amparada por duas torres cilíndricas e a torre de menagem, na qual se abre uma cisterna. Esta terá sido remodelada no século XIV, tendo a sua estrutura reforçada e a sua altura aumentada, coroada com ameias sigladas. Em seu interior, uma escada de cantaria une os vários pavimentos.

·         a linha intermediária, erguida no século XV, é composta de muralhas mais robustas onde se inscrevem a praça de armas, a Igreja de Santa Maria (erguida no século XII e reedificada no Renascimento), o Convento e a Igreja de Santiago de Palmela, obras góticas quatrocentistas.

·         a linha externa, edificada no século XVII, integrada por então modernos baluartes, revelins e tenalhas, visando resistir aos tiros da artilharia.

(in: pt.wikipedia.org)